Apesar de prever déficit de R$ 11 milhões, reitor da UFJF afirma que irá manter atividades | Zona da Mata

Apesar das dificuldades financeiras, o reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Marcus David, afirmou que vai manter as atividades na instituição. A declaração foi dada durante uma audiência pública realizada nesta sexta-feira (5), que reuniu a comunidade acadêmica e pró-reitores.
Segundo apresentado pelo reitor, mesmo com uma série de ajustes, a universidade projeta um déficit orçamentário de R$ 11 milhões até o final deste ano. Já o orçamento para 2023 deve ser 12% menor.
“Apesar dessa diminuição, a instituição fez um esforço muito grande para se adequar, com sacrifícios da comunidade acadêmica, o que representou sérias medidas, como cortes de bolsas e demissão de trabalhadores terceirizados. Mesmo com esse sacrifício tão grande, nós ainda projetamos esse déficit”, explicou Marcus.
O reitor reforçou, ainda, que a situação é grave, uma vez que a instituição acumula déficits de um ano para o outro, o que sinaliza cenários cada vez mais difíceis para os anos seguintes.
“O arrocho orçamentário atinge as despesas discricionárias, ou seja, aquelas destinadas ao funcionamento da universidade, e não as destinadas ao quadro efetivo de servidores. Dessa forma, são afetadas áreas como a manutenção de bolsas acadêmicas, contratos de funcionários terceirizados, gastos com luz e energia elétrica, entre outras frentes”, completou.
Mesmo com a afirmação de que as atividades na UFJF não serão paralisadas, estudantes presentes na audiência desta sexta relataram preocupação.
“Esses cortes afetam mais que os alunos. Não é o simples fato de não ter uma caneta, por exemplo, e sim a sobrevivência dos estudantes e das pessoas que estão aqui dentro. O medo de não saber se o ano que vem terá aqui”, afirmou a universitária, Jasmin Mendes Ramos.
Situação em outras universidades
Campus Dom Bosco da UFSJ em São João del Rei, foto de arquivo — Foto: UFSJ/Divulgação
Em nota, a assessoria da Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ) explicou que o risco de paralisação paira sobre as universidades públicas.
“A PLOA 2023 já traz um corte anunciado de 12% nos recursos destinados às federais. No momento atual, a UFSJ vem trabalhando incessantemente para que as atividades de ensino, pesquisa e extensão não sejam paralisadas neste ano de 2022”, citou a nota.
A instituição disse, ainda, que tem conseguido manter as atividades, mas que faltará recursos para investimentos e manutenção nos físicos, pois os recursos estão sendo remanejados.
“A permanecer a situação para 2023, ou seja, com esse nível orçamentário, será impossível garantir o funcionamento da UFSJ, até mesmo para despesas básicas: estaremos para além do estado crítico, o que resultará, evidentemente, em profundo impacto nas atividades de ensino, pesquisa e extensão“, completou.
Campus sede da Universidade Federal de Viçosa (UFV), foto de arquivo — Foto: UFV/Divulgação
Na Universidade Federal de Viçosa (UFV), conforme destaca o reitor Demetrius David da Silva, o corte de 8,3% do orçamento universitário previsto na LOA de 2022 é igual a R$ 7.161.302.
“Isso impactará todas as atividades e áreas da Universidade, inclusive a assistência estudantil, dificultando a manutenção das políticas de apoio aos estudantes em vulnerabilidade socioeconômica”, analisou.
Para Demetrius, os cortes selam a inviabilidade de funcionamento das universidades federais brasileiras e afirmou que a manutenção das atividades acadêmicas e administrativas também vem sendo agravada pelas aposentadorias vinculadas aos cargos extintos ou vedados para realização de concurso e provimento.
“Teremos que paralisar nossas atividades antes do término do segundo semestre letivo, caso não haja suplementação orçamentária ao longo do ano de 2022”, finalizou.
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Fonte: G1 – Zona da Mata